The Stanley Parable |
Walk-simulator
Hoje em dia há milhares de jogos, de inúmeros gêneros diferentes, que agradam tanto os mais casuais jogadores, quanto aos mais "harcode". No meio desse universo quase que infinito de jogos, os que mais chamam a minha atenção são os famosos "walk-simulator", ou simulador de andar. Eles possuem esse nome por terem uma mecânica simples e até mesmo arcaica, a de mover e interagir. Aqui, o jogador não luta, não faz acrobacias para pular de plataforma em plataforma ou saí correndo para chegar mais rápido. Ao invés disso, somos agraciados com personagens que apenas andam e interagem com o ambiente a sua volta. Mas o que um jogo desse pode ter de tão especial assim, para chamar tanta atenção? Uma narrativa bem construída que nos prende do início ao fim.
Os jogos de nicho até possuem um certo grau de narrativa, muitos deles são bem complexos nesse quesito, mas nem de longe esse é o foco. Como são feitos para serem vendidos em grande escala, focar em história complexas cheias de escolhas não é uma boa ideia, já que uma grande parte dos jogadores não querem se prender a longas histórias, mas sim se divertir jogando descontraidamente. Mas para aqueles que gostam de uma boa narrativa, os "walk-simulator" podem ser uma grande pedida. E, para mim, o jogo com a melhor narrativa de todos os tempos é "The Stanley Parable".
Apertar um botão
Há muitas pessoas que nasceram para serem grandiosas. Algumas serão ótimos advogados, outras serão médicos habilidosos que salvarão vidas ou até mesmo grandes políticos que mudarão o mundo. Esse, infelizmente, não é o destino de Stanley. Ele desempenha um papel bem simples, apertar um botão quando uma informação aparece na tela. Simples não? Entediante, alguns diriam. Stanley faz sempre a mesma coisa, todos os dias. Como um personagem assim pode ser o protagonista de uma história? Um homem tão simples, que só sabe apertar botões. Mas e se, um dia, seu computador parasse de funcionar, o que Stanley faria?
Essa é a situação inicial do jogo. Você está parado, na frente do computador que parou de funcionar, controlando Stanley. Você pode se mover e tentar interagir com as coisas ao seu redor. A medida que vai jogando, uma voz começa a narrar o que você faz (no melhor estilo Mais estranho que a ficção), essa voz é conhecida apenas como "Narrador". Porém, algo interessante de se notar aqui é que você não precisa seguir o que o Narrador diz. Se ele fala "siga a direita", você tem total liberdade para ir para a esquerda. Porém ele se adapta ao que o jogador faz, e até mesmo fica irritado caso seja contrariado, fazendo o jogador voltar a sala anterior para refazer sua escolha, retirando algumas escolhas que antes existiam e assim por diante. É desse modo sútil que o jogo nos apresenta um de seus temas, o livre-arbítrio.
Os três personagens principais
Narrador e Jogador
As escolhas de Stanley são o centro de uma incansável briga entre dois personagens, o Narrador e o Jogador. Um tenta sempre estar a frente do outro, fazendo uso de suas habilidades para isso. Enquanto um é um ser onipotente, onisciente e onipresente, o outro é um simples mortal. Mesmo que simples, isso é uma alusão muito inteligente ao comportamento do ser humano em relação ao desconhecido, ao sobrenatural e a religião. O como você joga define bastante sobre quem você é, ou como você está se sentindo naquele instante. Mas ainda existe um terceiro personagem nessa história toda, afinal, o jogo é sobre ele: Stanley.
Stanley
Stanley, apesar de desempenhar uma função extremamente simples, é um personagem com personalidade e múltiplas camadas. Enquanto o jogo acontece, o narrador tenta lembrar Stanley sobre coisas que aconteceram em sua vida. Vemos, nesses momentos, quem de fato é Stanley. Ainda que possamos nos projetar em situações parecidas cuja as quais ele viveu, é um erro acreditar que nós somos ele, em essência. Suas emoções e desejos são mostrados de modo que conseguimos imaginar que esse personagem poderia muito bem existir na vida real. Não é como outros personagens que fazem feitos grandiosos, que lutam contra monstros terríveis ou que salvam reinos inteiros. Ele aperta botões, em uma pequena sala, todos os dias. Isso torna-o real, nós aproxima dele e nós faz compreender tudo o que ele passa. A sua aparente infindável melancolia, transmitida a nós jogadores por suas memórias, a sua solidão e a sua vontade de lutar contra forças metafísicas são o que fazem dele não um personagem de um jogo, mas sim uma pessoa.
Conclusão
The Stanley Parable é um jogo fenomenal, com uma mecânica simples, mas com temas e ideias muito complexos, abordados de forma inteligente. O jogo possui dezenove finais diferentes, um mais interessante que o outro e que, com certeza, vale muito a pena ser jogado.
Para quem quiser conferir o jogo, o link é esse aqui.
Para quem quiser conferir o jogo, o link é esse aqui.
Mr bravo mano!!
ResponderExcluirBela análise, ha um tempo atrás tinha pensado em ignorar o jogo quando li que era um "walk-simulator", por pouco que não deixo de conhecer essa narrativa
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